PLANTAR NA ÉPOCA CERTA REDUZ PERDAS
E GARANTE AUMENTO DE PRODUTIVIDADEA Secretaria de
Agricultura do Estado do Rio de JaneiroI elaborou,
através da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado
do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO), em
parceria com a EMBRAPA e a Secretaria da
Comissão Especial de Recursos do PROAGRO,
do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, o
Zoneamento Agrícola das culturas de milho e feijão de
sequeiro e irrigado para a safra de 1999.
O Zoneamento
Agrícola (ZOAGRO) é um instrumento da Política
Agrícola do Governo Federal relacionado à aplicação
racional do crédito rural e ao Programa de Garantia da
Atividade Agropecuária PROAGRO que dá prioridade
ao uso adequado dos recursos ambientais, tornando a
agricultura uma atividade sustentável, tecnificada e
competitiva.
Associando séries
históricas de dados de 157 estações pluviométricas,
distribuídas por todo o território fluminense, aos
conhecimentos sobre disponibilidade de água dos
diferentes solos e às demandas específicas para o
desenvolvimento das culturas, detectadas nos trabalhos de
pesquisa com adaptação de cultivares, o ZOAGRO
estabelece épocas adequadas de plantio por município,
de acordo com as características de solo e clima das
diversas regiões do Estado do Rio de Janeiro.
Para
conhecer a melhor época de plantio do milho, do feijão
sequeiro e do feijão irrigado, veja a tabela cliquando
nos topicos à direita.
SECA DIZIMA NOROESTE DO
ESTADO
Considerada a pior dos últimos
anos, estiagem já arrasou plantações e
rebanhos de 13 dos 15 municípios da região noroeste do Estado do
Rio de Janeiro. Um exemplo do que pode
acontecer em Sumidouro dentro de algumas
décadas se não houver uma politica de
combate à erosão do solo. O artigo que
segue foi publicado no dia 24 de outubro do
JORNAL DO BRASIL, assinado por Daniele Lua.
SÃO
JOSÉ DE UBÁ (RJ) - No último dia 19,
depois de dez meses de estiagem, a primeira chuva
caiu sobre a terra castigada de São José de
Ubá (Noroeste Fluminense), que vem sendo
devorada pela seca que atinge 13 dos 15
municípios da região e já é considerada por
produtores como a maior e a mais longa dos
últimos 20 anos. O JORNAL DO BRASIL
visitou, em três dias, seis dos 13 municípios
arrasados com a estiagem e constatou o cenário
de destruição e precariedade que já registra
uma perda de mais de 40% nas lavouras e pastagens
do Noroeste Fluminense.
A
prefeitura de São José de Ubá decretou estado
de calamidade pública em 30 de julho e, agora,
aguarda a homologação do decreto pelo governo
estadual. De acordo com a Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural (Emater), somente os
municípios de Varre e Sai e Porciúncula não
foram atingidos pela seca.
Mas
o alento provocado pelas gotas dágua que
caíram na semana passada é enganador. Na
prática, só anuncia mais uma perda para a
pecuária. O secretário de Agricultura do
município de Aperibé, Célio Abreu, explica que
as primeiras enxurradas, que caem nas pastagens
encerrando uma longa estiagem, provocam um
aumento imediato da grama. Famintos, os bois
então se alimentam em excesso e, de tanto comer,
contraem diarréia e morrem mais rápido do que
pela fome trazida com a seca.
Cana
- Em Aperibé, a 280 quilômetros da capital,
a perda registrada de gado já chega a 10%,
segundo Célio Abreu. O total do rebanho está
estimado em 10,1 mil cabeças de boi, espalhadas
em 150 propriedades rurais. A situação de
Aperibé é agravada pela degradação ambiental
do município, que conta atualmente com apenas 1%
de cobertura vegetal. "Compramos
cana-de-açúcar 100% mais cara para alimentar os
bois, mas não conseguimos reverter a
situação", disse Célio.
Nas
plantações, o cenário é desolador. Segundo
maior produtor de tomate do estado, São José de
Ubá já contabiliza a perda de 40% da produção
com a seca. O município comercializa,
anualmente, 32 mil toneladas de tomate,
movimentando uma verba de R$ 9,6 milhões.
Essencialmente agrícola, São José de Ubá
conta com 400 propriedades e emprega 1.600
pessoas no cultivo do tomate e pimentão e na
criação de gado. A estiagem também atingiu a
área urbana, deixando a maioria das casas sem
água. Os municípios mais atingidos, além de
Ubá e Aperibé, são Itaocara e Cardoso Moreira.
Umidade
- O desmatamento desenfreado desde o
século 18, a erosão e a falta de investimento
no reflorestamento são as principais causas
apontadas pelo historiador ambiental Aristides
Arthur Soffiati, do pólo da Universidade Federal
Fluminense (UFF) em Campos, pela longa estiagem
na região. Segundo o especialista, a
área também tem predisposição natural ao
problema. "A região, mesmo não estando na
época da seca, é pouco úmida. Ela tem morros
muito baixos e as nuvens que se formam sob o mar
passam direto pela área e vão para a Serra da
Mantiqueira", explica Soffiati. Para ele,
São José de Ubá, Italva e Cardoso Moreira
vivem um quadro semelhante ao da caatinga do
Nordeste brasileiro.
CARDOSO
MOREIRA - Arrasado pela seca, o município de
Cardoso Moreira vem sofrendo com outro fenômeno:
a degradação de boa parte suas terras. Serão
precisos mais de 200 anos, segundo o secretário
municipal de Agricultura, César Ferreira
Medeiros, para que algum tipo de vegetação
cresça em áreas castigadas pelo desmatamento,
erosão e estiagem. "Esse é o nosso deserto
fluminense. Não há mais como recuperar esta
terra", lamenta César, que ainda não
contabilizou o tamanho da improdutividade.
O
desespero dos agricultores pode ser diagnosticado
com o número de pedidos para abertura de poços:
foram 800 desde o início deste ano. Na grande
maioria dos casos, a nascente não é encontrada,
aumentando a erosão. Enquanto as três
retroescavadeiras da Prefeitura trabalham a todo
vapor, os quatro tratores estão ociosos no
estacionamento do órgão. Com a seca, o
município perdeu 20% de sua produção de
cana-de-açúcar, de 380 mil toneladas anuais;
40% da produção de leite, de 7,2 milhões de
litros anuais; e 20% da de carne.
O
historiador ambiental Aristides Arthur Soffiati,
da UFF de Campos, explica as situações extremas
de chuva e seca em Cardoso Moreira. "O
município fica em uma depressão cercada por
montanhas que perderam a fertilidade e a
capacidade de recuperação. A erosão é
profunda e, quando chove, os rios se transformam
em enxurradas". Em 1997, o município foi
arrasado por uma enchente, que o fez submergir.
Apesar
do cenário de destruição em que vivem centenas
de produtores do noroeste, o especialista garante
que existem soluções concretas para amenizar os
estragos causados pelos longos períodos de
estiagem. Entre elas está o reflorestamento ao
longo dos rios e nascentes e das encostas dos
morros para evitar o processo de erosão. A longo
prazo, o ideal seria a reconstituição da
cobertura vegetal nativa.
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O
plantador de tomate João Luiz Menara Santana, 26
anos, nunca imaginou que sentiria falta do peso
das enormes caixas de madeiras nos ombros. Este
ano, Luiz economizou força e milhares de passos
no trajeto entre a plantação de tomate em uma
fazenda de São José de Ubá ao caminhão das
cooperativas vizinhas. Na fazenda em que
trabalha, a produção registrou uma queda de 40%
na produção, caindo de 15 mil unidades para
cerca de 9 mil. "Não temos mais o que
colher nem o que ganhar. Agora, vamos ter que
passar o tempo roçando o pasto", disse ele,
inconformado com a estiagem que arrasou a
produção de tomate, a menina dos olhos do
município.
A
estiagem também atingiu o bolso do agricultor.
Em períodos normais, uma caixa com cerca de 60
tomates chegava a custar R$ 30 reais, quantia
reduzida em 50% desde o início da estiagem, em
janeiro deste ano. A seca também derrubou um
sonho antigo de Luiz, programado para o início
deste ano: uma plantação de arroz. "Já
estávamos pensando em preparar uma terra
especialmente para cultivar arroz. Mas sem água
é impossível. Tá difícil continuar
trabalhando com o tomate. Ás vezes, ficamos meio
tontos com tanto agrotóxico e química",
revelou Luiz.
Desde
os dois anos de idade, Maria Luíza Rodrigues da
Silva, 32, nunca havia ficado um dia longe da
lida. Com a estiagem de dez meses, ela já pensa
em trocar o arado por outra profissão longe das
terras batidas da fazenda em que trabalha em São
José de Ubá. "Nosso patrão falou que não
tem mais condições de manter os empregados
desta forma. Às vezes, ficamos o dia inteiro sem
fazer absolutamente nada. Agora, vou ter que
pensar em fazer outra coisa. Só não sei ainda o
quê", disse Maria Luíza, que sustenta os
filhos Rodrigo e Maciel com R$ 5 diários que
ganha na horta.
Maria
Luíza faz parte de uma família de 40 pessoas
que trabalham como meeiros na Fazenda Cruzamento,
recebendo pelo que plantam em um sistema de
parceria com o dono das terras. A ameaça da
perda do emprego virou o assunto das reuniões de
família. Maria Luíza, que chegou na fazenda em
1989, costumava cumprir uma jornada diária na
lavoura das 7h às 17h. Há mais de dois meses, a
agricultora passa mais tempo dentro de casa, sem
ter o que fazer, que na lavoura. "Ganhamos
pelo que produzimos. Agora, não sei mais o que
fazer", conta.
Aos
61 anos, o agricultor Jorge Rodrigues chegou a
pensar que já tinha visto de tudo na vida. Mas,
desde janeiro, o pasto da Fazenda Cruzamento, em
São José de Ubá, terra que dá o sustento de
sua família, vem sendo devorado pela seca que
atinge 11 dos 13 municípios da região noroeste
fluminense. "Já não temos mais espaço
para enterrar tanto boi. Estamos queimando quase
todos", disse Jorge, desolado com o cenário
de destruição que vem matando, em média,
diariamente, três bois das 250 cabeças de gado
da fazenda que administra.
Desde
julho, período mais intenso da seca, a rotina de
Jorge, que nasceu na Fazenda Cruzamento, tem sido
praticamente a mesma: vasculhar, foice em punho,
os 150 hectares de terra em busca de mais uma
carcaça de boi. Em dois meses, o número de
mortes de bois no pasto por causa da seca já
chega a 130 cabeças. Na última semana, as
primeiras gotas de chuva caíram na terra batida
da fazenda de Jorge. Apesar do alívio
temporário, Jorge agora teme pelo processo
contrário que pode ocasionar ainda mais perdas
no pasto. "Cai uma chuvinha, a grama cresce
rápido e os bois comem demais. Depois, eles têm
diarréia e acabam morrendo", relata Jorge.
Há
pelo menos 15 dias, a família da professora
Maguy Abi-Harila, 38 anos, está vivendo um
pesadelo. Sem um pingo de água em suas
torneiras, Maguy teme a seca com o mesmo pavor
dos agricultores que sofrem com a destruição
dos pastos e lavouras. "Uma das minhas duas
filhas é diabética. Não quero nem pensar na
hipótese de ela pegar uma hepatite ou outra
doença qualquer com essas águas", relata
ela, com lágrimas nos olhos.
Moradora
da área urbana de São José de Ubá, Maguy
está sendo obrigada a fazer todas as
refeições, do café-da-manhã ao jantar, em
restaurantes próximos de sua casa. Os Abi-Harila
também adquiriram um novo hábito com a seca: se
deslocar diariamente para o sítio da família, a
dez minutos do município, para tomar banho. Para
driblar a falta dágua, Maguy chegou a
construir uma bomba dágua caseira, que já
está se tornando inútil devido à longa
duração da estiagem.
Os
carros-pipas viraram preciosidades nas ruas
esburacadas de São José de Ubá. "Sábado
passado, enchi a caixa dágua com o
carro-pipa, que está cobrando os olhos da
cara", conta ela, que também é dona de uma
papelaria. Mas as dificuldades das últimas duas
semanas não fizeram Maguy desistir do
município. "Tenho certeza de que essa seca
vai passar. Eu não posso ir embora e sequer
penso nisso", disse, convicta.
DANIELE
LUA
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Faça a
identificação do tipo de solo da área a ser plantada,
verificando sua profundidade e coletando amostras até a
profundidade de 40cm para determinação da textura do
solo. De acordo com o resultado da análise, classifique
o tipo de solo de acordo com a Tabela de Plantio. De acordo com o
solo e a cultura a ser plantada, selecione a cultivar e
semeie na época indicada pelo ZOAGRO.
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