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SUMIDOURO

AGRICULTURA

Constitui a atividade de maior relevo, haja visto que 84% da população encontra-se no meio rural. Em razão das características da zona rural, com altitudes que variam de 264 a 1.300 metros, há o favorecimento à diversificação de culturas como: olericultura, fruticultura (de vasos e de corte), floricultura e pecuaria (leite e recria). A produção anual é de 80.000 toneladas. O município possui cerca de 2.500 produtores explorando uma área de 2.500 hectares.

Segundo critério da EMATER, na configuração dos espaços que constituem as diferentes áreas de produção do município, o mesmo esta dividido em áreas assim distribuidas:

  1. Santo André
  2. Arrozal, Soledade I e II
  3. Botafogo, Balança, Benfica e Lavras
  4. Lagoa, São Lourenço e Campo Leal
  5. Pamparrão e Serra
  6. Encanto, Piedade, Bela Joana e Rancharia
  7. Murineli
  8. Boa Vista e Barão de Aquino
  9. São Caetano, Rosas, Boa Ventura e Lambari
  10. Dona Mariana
  11. Campinas

Clima e solo favorecem a atividade agricola que se mantém respaldada numa estrutura fundiária em que predominam pequenas propriedades que desenvolvem uma lavoura diversificada de verduras, legumes e frutas. A produção de Sumidouro abastece principalmente o mercado consumidor metropolitano e o próprio interior do Estado.

Nas "terras frias", concentra-se o maior numero de estabelecimentos agrícolas, bem como a produção de hortaliças. De setembro a janeiro, o plantio é concentrado nesta área, devido ao favorecimento climático: verão ameno e chuvas regulares.

O município produz abóbora, aborinha, alface, banana, batata-doce, beterraba, feijão, inhame, chicória, chuchu, berinjela, ervilha, crisântemo, caqui, couve-flor, cenoura, jiló, milho, maracuja, mamão, nabo, pepino, pimentão, repolho, tomate, vagem, couve, salsa, mel e leite. A pecuária, embora desenvolvida em todo o município esta concentrada na zona mais baixa ("terras quentes"). A produção leiteira é entregue à Cooperativa Agropecuária de Sumidouro, de Carmo e de Duas Barras. Muitos produtores fabricam queijo tipo "minas".

A comercialização da produção agrícola do município é realizada através do Mercado Produtor da Região Serrana (CEASA), do Mercado de Agua Quente (Teresópolis) e da CEASA-Rio, em Irajá.

Parte da produção agrícola é financiada pelas Carteiras de Crédito Rural do BANERJ e do Banco do Brasil.
(fonte: Pró-Memória)

SECA DIZIMA NOROESTE DO ESTADO

Considerada a pior dos últimos anos, estiagem já arrasou plantações e rebanhos de 13 dos 15 municípios da região noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Um exemplo do que pode acontecer em Sumidouro dentro de algumas décadas se não houver uma politica de combate à erosão do solo. O artigo que segue foi publicado no dia 24 de outubro do JORNAL DO BRASIL, assinado por Daniele Lua.

SÃO JOSÉ DE UBÁ (RJ) - No último dia 19, depois de dez meses de estiagem, a primeira chuva caiu sobre a terra castigada de São José de Ubá (Noroeste Fluminense), que vem sendo devorada pela seca que atinge 13 dos 15 municípios da região e já é considerada por produtores como a maior e a mais longa dos últimos 20 anos. O JORNAL DO BRASIL visitou, em três dias, seis dos 13 municípios arrasados com a estiagem e constatou o cenário de destruição e precariedade que já registra uma perda de mais de 40% nas lavouras e pastagens do Noroeste Fluminense.

A prefeitura de São José de Ubá decretou estado de calamidade pública em 30 de julho e, agora, aguarda a homologação do decreto pelo governo estadual. De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), somente os municípios de Varre e Sai e Porciúncula não foram atingidos pela seca.

Mas o alento provocado pelas gotas d’água que caíram na semana passada é enganador. Na prática, só anuncia mais uma perda para a pecuária. O secretário de Agricultura do município de Aperibé, Célio Abreu, explica que as primeiras enxurradas, que caem nas pastagens encerrando uma longa estiagem, provocam um aumento imediato da grama. Famintos, os bois então se alimentam em excesso e, de tanto comer, contraem diarréia e morrem mais rápido do que pela fome trazida com a seca.

Cana - Em Aperibé, a 280 quilômetros da capital, a perda registrada de gado já chega a 10%, segundo Célio Abreu. O total do rebanho está estimado em 10,1 mil cabeças de boi, espalhadas em 150 propriedades rurais. A situação de Aperibé é agravada pela degradação ambiental do município, que conta atualmente com apenas 1% de cobertura vegetal. "Compramos cana-de-açúcar 100% mais cara para alimentar os bois, mas não conseguimos reverter a situação", disse Célio.

Nas plantações, o cenário é desolador. Segundo maior produtor de tomate do estado, São José de Ubá já contabiliza a perda de 40% da produção com a seca. O município comercializa, anualmente, 32 mil toneladas de tomate, movimentando uma verba de R$ 9,6 milhões. Essencialmente agrícola, São José de Ubá conta com 400 propriedades e emprega 1.600 pessoas no cultivo do tomate e pimentão e na criação de gado. A estiagem também atingiu a área urbana, deixando a maioria das casas sem água. Os municípios mais atingidos, além de Ubá e Aperibé, são Itaocara e Cardoso Moreira.

Umidade - O desmatamento desenfreado desde o século 18, a erosão e a falta de investimento no reflorestamento são as principais causas apontadas pelo historiador ambiental Aristides Arthur Soffiati, do pólo da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Campos, pela longa estiagem na região. Segundo o especialista, a área também tem predisposição natural ao problema. "A região, mesmo não estando na época da seca, é pouco úmida. Ela tem morros muito baixos e as nuvens que se formam sob o mar passam direto pela área e vão para a Serra da Mantiqueira", explica Soffiati. Para ele, São José de Ubá, Italva e Cardoso Moreira vivem um quadro semelhante ao da caatinga do Nordeste brasileiro.

O deserto fluminense

CARDOSO MOREIRA - Arrasado pela seca, o município de Cardoso Moreira vem sofrendo com outro fenômeno: a degradação de boa parte suas terras. Serão precisos mais de 200 anos, segundo o secretário municipal de Agricultura, César Ferreira Medeiros, para que algum tipo de vegetação cresça em áreas castigadas pelo desmatamento, erosão e estiagem. "Esse é o nosso deserto fluminense. Não há mais como recuperar esta terra", lamenta César, que ainda não contabilizou o tamanho da improdutividade.

O desespero dos agricultores pode ser diagnosticado com o número de pedidos para abertura de poços: foram 800 desde o início deste ano. Na grande maioria dos casos, a nascente não é encontrada, aumentando a erosão. Enquanto as três retroescavadeiras da Prefeitura trabalham a todo vapor, os quatro tratores estão ociosos no estacionamento do órgão. Com a seca, o município perdeu 20% de sua produção de cana-de-açúcar, de 380 mil toneladas anuais; 40% da produção de leite, de 7,2 milhões de litros anuais; e 20% da de carne.

O historiador ambiental Aristides Arthur Soffiati, da UFF de Campos, explica as situações extremas de chuva e seca em Cardoso Moreira. "O município fica em uma depressão cercada por montanhas que perderam a fertilidade e a capacidade de recuperação. A erosão é profunda e, quando chove, os rios se transformam em enxurradas". Em 1997, o município foi arrasado por uma enchente, que o fez submergir.

Apesar do cenário de destruição em que vivem centenas de produtores do noroeste, o especialista garante que existem soluções concretas para amenizar os estragos causados pelos longos períodos de estiagem. Entre elas está o reflorestamento ao longo dos rios e nascentes e das encostas dos morros para evitar o processo de erosão. A longo prazo, o ideal seria a reconstituição da cobertura vegetal nativa.

O lamento dos moradores

João Luiz Menara : "Não temos o que colher"

O plantador de tomate João Luiz Menara Santana, 26 anos, nunca imaginou que sentiria falta do peso das enormes caixas de madeiras nos ombros. Este ano, Luiz economizou força e milhares de passos no trajeto entre a plantação de tomate em uma fazenda de São José de Ubá ao caminhão das cooperativas vizinhas. Na fazenda em que trabalha, a produção registrou uma queda de 40% na produção, caindo de 15 mil unidades para cerca de 9 mil. "Não temos mais o que colher nem o que ganhar. Agora, vamos ter que passar o tempo roçando o pasto", disse ele, inconformado com a estiagem que arrasou a produção de tomate, a menina dos olhos do município.

A estiagem também atingiu o bolso do agricultor. Em períodos normais, uma caixa com cerca de 60 tomates chegava a custar R$ 30 reais, quantia reduzida em 50% desde o início da estiagem, em janeiro deste ano. A seca também derrubou um sonho antigo de Luiz, programado para o início deste ano: uma plantação de arroz. "Já estávamos pensando em preparar uma terra especialmente para cultivar arroz. Mas sem água é impossível. Tá difícil continuar trabalhando com o tomate. Ás vezes, ficamos meio tontos com tanto agrotóxico e química", revelou Luiz.

Maria Luíza Rodrigues : "Estamos sem fazer nada"

Desde os dois anos de idade, Maria Luíza Rodrigues da Silva, 32, nunca havia ficado um dia longe da lida. Com a estiagem de dez meses, ela já pensa em trocar o arado por outra profissão longe das terras batidas da fazenda em que trabalha em São José de Ubá. "Nosso patrão falou que não tem mais condições de manter os empregados desta forma. Às vezes, ficamos o dia inteiro sem fazer absolutamente nada. Agora, vou ter que pensar em fazer outra coisa. Só não sei ainda o quê", disse Maria Luíza, que sustenta os filhos Rodrigo e Maciel com R$ 5 diários que ganha na horta.

Maria Luíza faz parte de uma família de 40 pessoas que trabalham como meeiros na Fazenda Cruzamento, recebendo pelo que plantam em um sistema de parceria com o dono das terras. A ameaça da perda do emprego virou o assunto das reuniões de família. Maria Luíza, que chegou na fazenda em 1989, costumava cumprir uma jornada diária na lavoura das 7h às 17h. Há mais de dois meses, a agricultora passa mais tempo dentro de casa, sem ter o que fazer, que na lavoura. "Ganhamos pelo que produzimos. Agora, não sei mais o que fazer", conta.

Jorge Rodrigues : "Queimamos boi morto"

Aos 61 anos, o agricultor Jorge Rodrigues chegou a pensar que já tinha visto de tudo na vida. Mas, desde janeiro, o pasto da Fazenda Cruzamento, em São José de Ubá, terra que dá o sustento de sua família, vem sendo devorado pela seca que atinge 11 dos 13 municípios da região noroeste fluminense. "Já não temos mais espaço para enterrar tanto boi. Estamos queimando quase todos", disse Jorge, desolado com o cenário de destruição que vem matando, em média, diariamente, três bois das 250 cabeças de gado da fazenda que administra.

Desde julho, período mais intenso da seca, a rotina de Jorge, que nasceu na Fazenda Cruzamento, tem sido praticamente a mesma: vasculhar, foice em punho, os 150 hectares de terra em busca de mais uma carcaça de boi. Em dois meses, o número de mortes de bois no pasto por causa da seca já chega a 130 cabeças. Na última semana, as primeiras gotas de chuva caíram na terra batida da fazenda de Jorge. Apesar do alívio temporário, Jorge agora teme pelo processo contrário que pode ocasionar ainda mais perdas no pasto. "Cai uma chuvinha, a grama cresce rápido e os bois comem demais. Depois, eles têm diarréia e acabam morrendo", relata Jorge.

Maguy Abi-Harila : "Eu não posso ir embora"

Há pelo menos 15 dias, a família da professora Maguy Abi-Harila, 38 anos, está vivendo um pesadelo. Sem um pingo de água em suas torneiras, Maguy teme a seca com o mesmo pavor dos agricultores que sofrem com a destruição dos pastos e lavouras. "Uma das minhas duas filhas é diabética. Não quero nem pensar na hipótese de ela pegar uma hepatite ou outra doença qualquer com essas águas", relata ela, com lágrimas nos olhos.

Moradora da área urbana de São José de Ubá, Maguy está sendo obrigada a fazer todas as refeições, do café-da-manhã ao jantar, em restaurantes próximos de sua casa. Os Abi-Harila também adquiriram um novo hábito com a seca: se deslocar diariamente para o sítio da família, a dez minutos do município, para tomar banho. Para driblar a falta d’água, Maguy chegou a construir uma bomba d’água caseira, que já está se tornando inútil devido à longa duração da estiagem.

Os carros-pipas viraram preciosidades nas ruas esburacadas de São José de Ubá. "Sábado passado, enchi a caixa d’água com o carro-pipa, que está cobrando os olhos da cara", conta ela, que também é dona de uma papelaria. Mas as dificuldades das últimas duas semanas não fizeram Maguy desistir do município. "Tenho certeza de que essa seca vai passar. Eu não posso ir embora e sequer penso nisso", disse, convicta.

DANIELE LUA

AGRICULTURA
Esta rúbrica é disponível unicamente em português e destinada especialmente aos que desejam informações mais detalhadas sobre a agricultura sumidourense.
ZONEAMENTO AGROCLIMATICO

MILHO

FEIJÃO SEQUEIRO

FEIJÃO IRRIGADO

TABELA DE PLANTIO

Faça a identificação do tipo de solo da área a ser plantada, verificando sua profundidade e coletando amostras até a profundidade de 40cm para determinação da textura do solo. De acordo com o resultado da análise, classifique o tipo de solo de acordo com a Tabela de Plantio.

De acordo com o solo e a cultura a ser plantada, selecione a cultivar e semeie na época indicada pelo ZOAGRO.