Hymne de Sumidouro
Texte de Antonio
Joaquim FERNANDES
Musique de Dr.
Carolino RIBEIRO de MOURA
I
Entre montes agrestes
despertas.
Terra linda, ostentando primores.
Tens por manto a esmeralda dos campos,
Por dossel de altos céus os fulgores ;
Penedias escarpas altíssimas,
Ao luar cingem gaze de prata.
Com as nuvens nos ares topando
São encantos que a vista arrebata.
Oh meu torrão
querido.
Repleto de humos de ouro,
Aberto és de riquezas,
Transbordante tesouro,
Perpassam dôces auras,
De leve, perfumadas,
Corolas aspirando.
As brancas madrugadas.
II
Coleante qual dôrso
de serpe
A jogar sobre as margens vigor,
Paquequer, Paquequer, féro ou manso
Dás a vida, a beleza, o esplendor.
E a cascata sonora e vibrante
Indo em volta os vergéis acordar.
Lá despenca do cimo da rocha
Algodão esgarçado a rolar.
Pureza
diamantina
Fecundando o trabalho,
Gotejam noites calmas,
Em lágrimas de orvalho.
Quadro sublime, salve !
Oh ! Salve, maravilha,
Da potente natura
Imcompáravel filha.
III
De teus bosques no
gôzo da sombra,
As rolinhas se contam segredos,
E o sol brinca em lampejos de luz
Na folhagem dos bons arvoredos.
Só tu guardas ufano e garboso,
Grata lenda do bravo Pery.
Goitacás de amôr puro e constante
Dedicado a mimosa Cecy.
Ternos, gazis
cardumes
De aves trinam louvores,
As brizas, asas pandas,
deliciosos cantôres,
Do livro primoroso
De Alencar lindo feito,
Qual estrela refulge
Teu eternal conceito.
IV
Cristal liquido em
tons cintilantes,
Deslisando das serras no veio,
A pureza proclama da linfa
Na espessura do teu vasto seio,
Em granito de espumas bordado.
Que a torrente das águas consome
Sorvedouro profundo insondável,
Radiografa no espaço teu nome.
Plácidas,
murmurosas,
Claras, limpidas fontes
Espelham, carinhosas,
Vales, campos e montes,
Caprichos, sedutores,
Soberbos, sem rivais,
Certo são teu orgulho
De encantos naturais.